“Porque me Ufano do meu Amparo”

Janeiro de 2018

José Eduardo de Godoy

Á Há mais de um século o Conde Afonso Celso publicou uma obra intitulada “Porque me ufano de meu pais”. Nesse livro ele enumerava as inúmeras vantagens e riquezas do Brasil, dando origem a uma corrente denominada “ufanista”, ultra-nacionalista, embora não xenófoba.  A esquerda, que é cosmopolita, e a direita financeira, ligada aos grupos econômicos internacionais, odeiam essas idéias e sustentam que elas atrapalham o progresso do país.

Essas idéias não eram novas. Elas remontam ao nosso caro escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, que escreveu ao Rei de Portugal, dizendo que “a terra é chã e fermosa, nela em se plantando tudo dá”. Depois vieram Pero de Magalhães Gandavo, Frei Vicente do Salvador, Fernão Cardim, Gabriel Soares de Sousa e Ambrósio Fernandes Brandão, todos nos primeiros anos da colonização, encarecendo as riquezas e maravilhas do Brasil. Já no século XVIII, frei Domingos do Loreto Couto escreveu “Desagravo do Brasil e Glória de Pernambuco”, mostrando os feitos do povo brasileiro na guerra, nas artes, na ciência e na administração pública.

Mas, em algumas parcelas da população, persistiram idéias negativas sobre o Brasil, acompanhadas de previsões sombrias sobre nosso futuro.

Estavam errados.   Apesar de todos os percalços, apesar das crises, apesar da corrupção e da violência endêmicas, apesar da ignorância e falta de patriotismo de grande parcela da população, não se pode negar que o Brasil é um grande país, com um grande potencial de desenvolvimento.  Já na Conferência de Paz de 1815, quando se definiu o futuro do mundo “pós- Napoleão”, um dos diplomatas presentes declarou que “o Brasil era um gigante adormecido no berço; não convinha despertá-lo”.

Aliás, o livro do Conde Afonso Celso tinha exatamente esse objetivo: acordar o gigante e lhe mostrar um caminho otimista para o desenvolvimento.   Um único presidente da República, Juscelino Kubitschek, parece ter acreditado no Conde Afonso Celso.  Os outros governos, apesar de programas desenvolvimentistas, não acreditavam no povo brasileiro. Os governos militares, chegaram a sustentar publicamente que o “povo brasileiro não estava apto a se governar” – palavras do ministro Sílvio Frota na década de 1970. E o Hino Nacional teve sua execução tão restringida, que não foi mais possível cantá-lo nas escolas no início das aulas…   Essas correntes anti-ufanistas, na verdade anti-brasileiras, pregam que “o Brasil não tem jeito”, que “o povo é ignorante e preguiçoso”’, assim como já pregaram que “o Brasil não tem petróleo”, e que “o Brasil é um país essencialmente agrícola”.

Estavam erradas e continuam erradas. Temos petróleo, temos indústrias, nosso povo é trabalhador e temos conseguido resolver pacificamente nossas crises e nossos problemas, sem campos de concentração, bombas nucleares, guilhotinas ou paredões.

Comments are closed.