Capt. 10 – Início da Colonização Permanente

Capt. 10 – Início da Colonização Permanente

O SERTÃO DE MANDUCAIA   O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO PERMANENTE   1 – A capela primitiva e Geraldo Dutra de Moraes   Desde tempos imemoriais o direito português admitia uma figura jurídica denominada “capela”, ou seja, a constituição de um patrimônio imobiliário destinado à subsistência de um pequeno templo. Se tal acervo fosse constituído de terras de cultura o rendimento da produção agrícola pertenceria ao administrador da capela, que, depois de retirar uma parte para si, aplica o restante na conservação do templo e nas despesas do culto (Pereira e Souza, Diccionario Theorético). Muitas vezes, porém, a capela era dotada de um “rocío” (ou rossío, como aparece grafado no texto amparense), isto é, de um espaço aberto, de uso comum dos moradores, servindo como praça e até como pasto comunitário. O instituidor da capela, aquele que doou o patrimônio dela … Continue...
Capt. 11 – Conclusão

Capt. 11 – Conclusão

O SERTÃO DE MANDUCAIA   CONCLUSÃO   De qualquer forma, já podemos dizer que, nos primeiros anos do século XIX, havia vários agrupamentos populacionais no território no qual se formou mais tarde o município de Amparo. O município não foi fruto do núcleo urbano; com ele ou antes dele nasceram vários agrupamentos populacionais que geraram bairros e até cidades. Assim, em face das informações contidas no tombamento de 1818, no texto de Jorge Antônio José, nos documentos eclesiásticos de Mogi-Mirim e em outras fontes, conclui-se que havia sete núcleos de povoamente em terras amparenses no começo do século XIX:   1 – o mais antigo é o conjunto de moradores ribeirinhos do Camanducaia e do Camanducaia-Mirim, nas divisas com o atual município de Santo Antônio de Posse, mencionados em repetidos assentos de batizados da paróquia de São José de Mogi-Mirim … Continue...
Introdução – Os Moradores

Introdução – Os Moradores

Quem eram esses primeiros povoadores das terras amparenses? De onde vieram? Quando vieram? A que famílias pertenciam? Onde se estabeleceram? Essas e outras perguntas são difíceis de responder, mas já se sabe um pouco sobre um grande número de pioneiros do vale do Camanducaia (e também do Jaguari, pois nas margens deste ficava o sítio do Cascalho, um dos primeiros estabelecimentos colonizadores em nossa região). Com base nos dois preciosos levantamentos, o tombamento da “5ª Companhia da Vila Nova de Bragança e seus bairros”, feito por seu comandante, o capitão Roque de Sousa de Moraes, e no Rol de Moradores da Capela de Amparo, elaborado pelo Padre Roque de Sousa Freire em 1829, foi possível dar início a um verdadeiro censo dos primeiros habitantes de nosso município. Depois, foi necessário incorporar também os vários nomes mencionados por Jorge Antônio José … Continue...
Aleixo de Godoy

Aleixo de Godoy

ALEIXO DE GODOY       Aleixo de Godoy e Gabriela de Sousa, casal que já estava no Amparo em 1818, quando Aleixo de Godoy tinha 200 braças de frente por 300 de fundo na Vargem Grande, adquiridas por compra a Maria Queiroz antes de 1818 (AAC/Rol-1818). Aleixo de Godoy e sua mulher Gabriela Sousa, moradores de Bragança, foram padrinhos de batizado de Felizardo, filho de Geraldo da Gama e Ana Joaquina, celebrado em Mogi Mirim em 1/11/1818. (BM-7:13v). Aleixo e Gabriela foram pais de:             1 – Inácio José de Godoy, natural de Bragança, casado em 1834 no Amparo com Maria Lourença do Rosário, filha de Salvador de Lima Bueno e de Manoela da Silva Coelho (CA-1:35  – SL, 3:148) O casal Inácio e Maria Lourença, assim como Salvador de Lima Bueno e Manuela da Silva Coelho, está em Silva Leme, … Continue...
Resumo das Legislaturas

Resumo das Legislaturas

PRIMEIRA LEGISLATURA – 1857/1861   Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda. Manuel Fernandes Palhares de Andrade Antonio José Alves Cordeiro Antonio de Godoy Moreira José Gomes Barbosa Antonio Rodrigues da Silva Francisco Dias Aranha.   SEGUNDA LEGISLATURA – 1861/1865   José Manuel de Miranda – Presidente João Leite de Moraes Cunha Inácio José Bueno Francisco de Assis Arantes Querubim Bertoldo de Sousa João Evangelista de Matos Francisco de Paula Camargo   TERCEIRA LEGISLATURA – 1865/1869   Antônio Pires de Godoy Jorge Hermelino Pupo Nogueira Antônio Manso de Almeida Joaquim de Sousa Toledo José Palhares de Andrade Francisco de Sousa Melo Joaquim de Lima Ribeiro   QUARTA LEGISLATURA – 1869/1873   Dr. José Pinto Nunes Júnior José de Sousa Siqueira José Joaquim Franco da Rocha Francisco Antônio de Oliveira Prestes Francisco Xavier da Silveira João Mendes do Amaral Albino Alves do Amaral Pedro … Continue...
Ao Leitor

Ao Leitor

Ao Leitor   Amparo é uma hoje uma cidade de médio porte e de escassa influência política. Mas nem sempre foi assim; no período que mediou entre 1870 e 1930 a cidade foi uma das mais prósperas do país e teve participação importante, às vezes até decisiva, na vida política do país. O café e a intensa atividade política da elite local deram a ela uma posição privilegiada nas últimas décadas do século XIX, junto com Campinas e Itu. Amparo foi um dos ninhos onde foram geradas a Abolição e a República. Três dos membros de nossa Câmara Municipal governaram o Estado: Bernardino de Campos, Peixoto Gomide e Carlos de Campos. E convém lembrar que descendem de amparenses dois prefeitos da cidade São Paulo: Francisco Prestes Maia, este nascido aqui, e Wladimir de Toledo Piza, serrano, mas neto de amparense; … Continue...
I – Onças e Índios

I – Onças e Índios

I – Onças e Índios.   A cidade do Amparo nasceu de uma pequena povoação iniciada em época indefinida, mas seguramente anterior a 1770, na margem do Camanducaia, à beira de um caminho que ligava a Estrada do Pau Cerne e o Vale do Paraíba ao “Caminhos dos Goiazes”, passando por Atibaia. Havia milênios que a região era habitada por onças e índios e nem mesmo os bandeirantes paulistas se estabeleceram nela; o relevo montanhoso e a floresta densa desestimulavam a colonização. A região passou a ser mais freqüentada no século XVIII. Uma forte e ainda mal estudada migração foi provocada pela construção do “Caminho Novo”, aberto por Garcia Rodrigues Paes, que ligou Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Esse novo acesso ao mar deixou o Vale do Paraíba fora da rota dos mineradores e comerciantes que abasteciam Minas Gerais. … Continue...
II – Uma Capela

II – Uma Capela

II – Uma Capela   Assim, logo que se formou um núcleo populacional mais denso, provavelmente nos primeiros anos do século XIX, uma capela foi erigida às margens do Camanducaia e um pequeno vilarejo se formou. Uma inundação, por volta de 1815, obrigou a mudança da capela para a encosta, em terreno doado por João Bueno da Cunha, onde hoje se ergue a majestosa Catedral de Nossa Senhora do Amparo. A esta altura é preciso que ressaltar que os proprietários bragantinos, que se instalaram na Vargem Grande e ao longo do Camanducaia, pertenciam à elite política da vila de Bragança, quase todos tendo ocupado cargos de vereador ou de juiz ordinário. Ao mesmo tempo, sesmarias concedidas ao norte do Camanducaia, a Pedro Nunes e Silveira Franco, e a ocupação por posseiros (vários lugares no município tem o nome de “posse”), … Continue...
III – Uma Capela Curada

III – Uma Capela Curada

III – Uma Capela Curada   O distrito das capelas curadas se denominava “Aplicação” e era essencialmente uma divisão eclesiástica. Entretanto, já importava em importantes conseqüências administrativas: o aglomerado urbano deveria obedecer aos códigos de posturas do município (no nosso caso, Bragança) e eram nomeadas os primeiros funcionários públicos, um fiscal e seu escrivão, além de um arruador. Não havia atividade política formal, pois esta se desenrolava em Bragança, sede do município, mas certamente havia eleitores que votavam nas eleições municipais, tanto que Felipe Pires de Ávila foi eleito vereador em Bragança. Alguns indícios mostram, porém, que as divisões ideológicas já se manifestavam. O verso da primeira folha do precioso livro de arruamentos, já em frangalhos na época em que a consultei e hoje desaparecida, registra uma multa aplicada a Francisco da Silveira Franco e Francisco Xavier dos Passos, patriarcas … Continue...
IV – A Revolução dos Cintras

IV – A Revolução dos Cintras

IV – A Revolução dos Cintras   Os liberais apeados do poder na província não se conformaram com a nomeação do Marquês de Monte Alegre para o governo de São Paulo. O mais exaltado era exatamente o Padre Diogo Antônio Feijó, que combatera com mão de ferro as revoluções e motins que se seguiram à queda do Imperador  D. Pedro I. Aliado a Feijó estava o prestigioso chefe liberal de Sorocaba, Rafael Tobias de Aguiar, que se casara com a antiga favorita do Imperador, a Marquesa de Santos. A conspiração liberal começou já com a intenção de derrubar o presidente da província pelas armas.  A 17 de maio de 1842 a revolta pipocou no Vale do Paraíba, em Sorocaba, Campinas e outros lugares.     Em Amparo, nessa época, as famílias Silveira Franco e Cintra lideravam o Partido Liberal, enquanto os … Continue...