Esse talvez seja apenas o sonho de alguns amparenses, mas no século XVIII foi um assunto delicado, que provocou conflitos entre os governos de São Paulo e Minas Gerais. Os garimpos de Minas começaram a fraquejar depois de 1760; é claro que o governo português ficou preocupado. A Capitania de Minas Gerais era a principal fonte de riqueza do império colonial lusitano. Os novos descobrimentos de Goiás e Mato Grosso não chegavam a cobrir a queda da arrecadação de Minas Gerais. Por isso, o governo dessa capitania via-se pressionado o tempo todo para aumentar a receita do Fisco metropolitano. Foi a essa altura, por volta de 1770, que um paulista, Simão de Toledo Piza (Sim! É parente do Rafael Scalvi e de um monte de outros amigos amparenses…), passou a procurar ouro nas fraldas da Mantiqueira, tanto do lado paulista, como do lado mineiro, vasculhando toda esta região. E foi exatamente num pequeno riacho, que hoje serve de divisa entre os Estados de São Paulo e Minas, que Simão encontrou ouro. Ressalte-se que naquele tempo o lugar estava sem dúvida alguma em terras paulistas. O riacho se chamava Camanducaia… e o ouro era encontrado, não apenas nas cabeceiras, mas em todo o seu curso, especialmente abaixo do “Salto Grande”, que só pode ser a Cachoeira do Falcão, entre Monte Alegre e a Mostarda. Entretanto, Simão de Toledo Piza, embora paulista e profundo conhecedor daquelas paragens, dirigiu-se ao governo de Minas Gerais para comunicar sua descoberta. Foi o quanto bastou para que o governo mineiro reclamasse aos berros que esse novo garimpo lhe pertencia. E mandou instalar “registros” (postos fiscais) e guardas na região. Além disso, havia sido descoberto ouro também em Jacuí (atenção Osmair Eugênio), e lá o conflito foi imediato, com a prisão de funcionários do governo paulista. Aqui, no Camanducaia, porém, o Morgado de Mateus, governador de São Paulo, agiu com energia. Ao receber a notícia de que alguns homens de Camanducaia (não o rio, mas o arraial, hoje cidade, em Minas Gerais, à beira de outro rio Camanduaia – existem dois com o mesmo nome…) pretendiam entrar até o novo “descoberto”, mandou, em 1771, o tenente Francisco José Machado de Vasconcelos construir uma estrada “beirando o Camanducaia (o nosso) dentro dos limites desta capitania” e “se siga abeirando o mesmo rio, visto assim ser mais conveniente”. E enviou para a região o Guarda-mor Coronel Francisco Pinto do Rego, sertanista experiente e rico, capitão-mor de Jacareí.. O guarda-mor escreveu cartas ao Morgado de Mateus sobre “as esperanças depositadas na socavação do Rio Camanducaia” e também “dando parte da riqueza do Rio Camanducaia e tratando de assuntos referentes à defesa dos descobertos contra ataques de Minas”. O assunto ainda rendeu algumas reclamações, inclusive da Câmara da vila de Atibaia, a quem legalmente pertencia na época o território aurífero. Mas o tempo passou, Simão de Toledo Piza mudou-se para Pouso Alegre, onde passa por fundador daquela cidade e o ouro acabou esquecido. Não tão esquecido, pois alguns bairros de Socorro e de Monte Alegre tem o nome de “Lavras”, o que é indicativo de que o ouro chegou a ser extraído. Nas vizinhanças das nascentes do Camanducaia nasceu um lugarejo que tomou o nome de “Toledo”, hoje cidade, única recordação do velho Simão de Toledo Piza. Em companhia do historiador amparense Roberto Pastana Teixeira Lima, há alguns anos, fizemos uma expedição ao local, onde o professor Lima colheu boa documentação fotográfica. Para terminar, antes que meu parente Marcos Camargo reclame, aqui vai a bibliografia sobre o assunto: 1) Catálogo de Documentos sobre a História de São Paulo Existentes no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, edição do Instituto Histórico e Geográfico Brasil, em 15 vols. 2) Catálogo do Arquivo de Mateus, edição da Biblioteca Nacional; 3) Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo, edição do Arquivo do Estado de São Paulo; 4)Chronologia Paulista, de José Jacinto Ribeiro; 5) A Igreja na História de São Paulo, de Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo (estes dois últimos para as biografias do coronel Pinto do Rego e do tenente Machado Vasconcelos). Desculpem meu atraso, mas tive dificuldades com meu computador, com minha carta de motoristas, com os exames médicos que o Dr. Tadeu quer que eu faça, com um ataque de gota e com a chuva. E basta de desculpas! Acho que já são suficientes para os dez dias de atraso….

 

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